Custos de construção aumentaram 23% - André Ganhão

De acordo com os resultados da fase piloto do SICC, o novo sistema estatístico da Confidencial Imobiliário, construir habitação em Portugal teve um custo médio de 1.495 euros/m2 em 2022, mais 23% que os 1.214 euros/m2 que custava no ano anterior.

De acordo com a Confidencial Imobiliário, o SICC-Sistema de Informação de Custos de Construção é uma nova base de dados que está a ser desenvolvida pela empresa de inteligência para o imobiliário, o qual permite apurar o custo de construção por m2 para habitação. Actualmente em fase piloto e envolvendo uma amostra de mais de uma centena de orçamentos para a construção residencial, as estatísticas resultantes do SICC apresentam uma segmentação por tipo de obra e por elemento construtivo para o agregado nacional, além de permitirem para já aferir o custo de construção também para Lisboa.

Os resultados preliminares do SICC mostram, assim, que construir habitação em Lisboa teve um custo médio de 1.635€/m2em 2022, registando um aumento de 11% face aos 1.474€/m2 apurados para 2021. Com base na amostra do SICC, Lisboa exibe, assim, um aumento menos robusto dos custos de construção do que o total nacional, ao mesmo tempo reduzindo o seu diferencial face ao país. Concretamente, construir habitação em 2022 em Lisboa custava mais 9% do que no total nacional, ao passo que em 2021 essa diferença de custo era de mais 21%.

No que se refere ao tipo de obra, conclui-se que, no cômputo nacional, a reabilitação envolve um custo 22% acima da construção nova, comparando-se um valor médio de 1.725€/m2 com 1.412€/m2, respetivamente. Em termos de evolução, o maior aumento verificou-se igualmente na reabilitação, onde o custo total cresceu 38% no último ano, ao passo que o incremento na construção nova foi de 19%.

Em termos de estrutura de custos, os custos não-estruturais absorvem a maior fatia do valor exigido para a construção quer num quer noutro tipo de obra, designadamente, 34% do custo total da construção nova e 25% na reabilitação. Não obstante, o maior aumento anual observou-se nos custos gerais, os quais praticamente duplicaram em ambos os tipos de obra. Na reabilitação esta é uma rúbrica que consumiu em 2022 cerca de 21% do custo total e na construção nova cerca de 16%.

“Actualmente há uma crescente incerteza e o controlo de custos de construção é uma situação que exerce agora uma maior pressão do que a questão referente aos preços. O SICC tem a enorme vantagem de produzir estatísticas atualizadas, abrangentes e representativas dos custos de construção, assumindo um papel crucial para ter uma referência nesta área. Além disso, tem a enorme vantagem de permitir desenvolver, no futuro, um índice que permita acompanhar a sua evolução, o que será uma ferramenta essencial para gerir esta que é atualmente uma fonte de grande entrave ao bom funcionamento do mercado”, nota Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário.

O SICC tem por base os orçamentos elaborados para efeitos de financiamento à promoção imobiliária, dirigindo-se a promotores imobiliários, empresas de construção, instituições financeiras, avaliadores imobiliários, projectistas e arquitectos. O sistema permite um maior controlo de riscos e rigor de análise no financiamento de promoção imobiliária, constituindo-se, paralelamente, como uma importante ferramenta de benchmark ao permitir aferir a competitividade da estrutura de custos e a capacidade de orçamentar.

Envolvendo dados de cerca de 100 orçamentos de obras disponibilizados por empresas de avaliação especializadas em crédito à promoção imobiliária, a fase piloto do SICC foi realizada em parceria com as principais instituições financeiras nacionais, incluindo o BPI, a Caixa Geral de Depósitos, o Crédito Agrícola, o Millennium bcp, o Montepio Geral, o Novo Banco e o Santander Totta.